quarta-feira, 07 junho 2017 14:34

Exercício do poder partilhado Destaque

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Proponho uma reflexão que tenho, naturalmente, como útil e oportuna, sobre o exercício do poder tal como o entendemos / tal como o testemunhamos.

Qualquer organização como um todo ou funciona como tal, como um todo, ou, a breve trecho, entrará em colapso e acabará em coma.

O funcionamento de qualquer organização é condicionado pelo exercício do poder por parte daqueles que o detêm quer pela ordem natural das coisas (como na família), quer por escolha dos cidadãos (como nas entidades autárquicas), quer por nomeação (como nas paróquias, por exemplo).

Falar de avaliação, pôr em tela de apreciação, aqueles que exercem o poder, conduzindo, orientando ou decidindo naquilo que a todos diz respeito, ainda é, porventura, sentido não como uma forma de participação, mas como um atrevimento. Como se aquele que manda estivesse ipso facto ungido por uma qualquer entidade transcendente que o mantivesse imune a qualquer contestação. Trata-se, com efeito, de uma componente da dinâmica existencial de qualquer colectivo organizado, componente que pode funcionar (e deseja-se que funcione) como factor de participação de todos naquilo que a todos diz respeito.

Em qualquer grupo (instituição, comunidade…) a avaliação da qualidade do desempenho do líder, assim como a avaliação da qualidade da participação do conjunto dos seus membros e de cada um deles individualmente, acontece sempre, de modo mais ou menos consciente, verbalizado ou não. Acontece, por exemplo, após um evento que a todos reuniu, numa reacção mais ou menos contida, mais ou menos exteriorizada.

Prova de vida de qualquer corpo organizado com objectivos estabelecidos por textos fundadores (seja, para os cidadãos, a Constituição da República e as leis dela decorrentes; sejam, para os cristãos (nas comunidades locais: dioceses, paróquias …) as Escrituras e os documentos do magistério que lhes dão corpo; sejam os estatutos para as associações, irmandades, grupos desportivos, assistenciais, culturais, etc) que suportam a sua identidade e de que decorre o seu funcionamento é a capacidade dos seus membros para avaliar o (s) seu (s) líder (es).

Persiste ainda um tipo de exercício de poder que visa mais ‘ocupar espaços’ do que ‘desencadear e gerir processos’. O que ajuda a compreender que, cidadãos, ‘irmãos’, sócios, paroquianos… considerados ‘ utentes’ de serviços ou objectos de políticas gizadas nos gabinetes, se acomodem resignados.  

Da competência do líder faz parte abrir canais que facilitem e promovam a participação, para que a postura dos membros da comunidade não caminhe para o cansaço e o distanciamento. Liderar, enfim, é reconhecer e promover a participação de todos no que a todos diz respeito e nunca absorver e muito menos conter os dinamismos patentes ou latentes no corpo da colectividade.

De facto, uma colectividade é, por definição, espaço dinâmico de colaboração em que é posta à prova tanto a qualidade do líder, como a qualidade da pertença de cada um dos seus membros.

  1. Teixeira Coelho
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