No passado dia 30 de julho, um cálido domingo de verão, as portas da Sala do Capítulo do Mosteiro de Arouca abriram-se pelas 17h para uma reunião em torno de uma ordem de trabalhos musical: um recital para dois violinos, iniciativa do Círculo Cultura e Democracia, que assim encerrou as suas atividades antes do período de férias.
Percorrer os Claustros, tranquilos e frescos, sossegou a sofreguidão do calor e preparou o espírito para que pudesse contemplar e exaltar com a música que se seguiria. O ambiente na Sala do Capítulo era íntimo e festivo. Laura Rickard e Matilde Loureiro, duas jovens violinistas premiadas e já com considerável experiência, oferecer-nos-iam um belo recital.
O concerto seguiu um programa cronológico, reunindo obras de compositores conhecidos, com o duo de violinos a percorrer peças desde o luxuriante Barroco (de Leclair) ao período Moderno (Prokofiev e Bartók), passando pelo estilo Clássico (com Haydn) e terminando com uma peça recentíssima, de 2016. No segundo lugar do alinhamento, Matilde Loureiro tocou a solo dois andamentos de uma Sonata de Bach, ainda do período Barroco. A artista portuguesa, com ascendência arouquense, e de quem partiu a ideia inicial para este evento, fez também uma apresentação de cada uma das peças.
Do conjunto de sonatas para dois violinos do compositor e fundador da escola violinística francesa, Jean-Marie Leclair, escolheram a Sonata n.º 4 como peça de partida, e logo perpassou para a assistência a concentração, a técnica e a “química” entre Laura e Matilde. Seguiram-se os movimentos Andante e Allegro da Sonata n.º 2 em Lá Menor para Violino Solo de Johann Sebastian Bach, parte de um conjunto de seis obras do virtuoso compositor alemão, que são referência para todo o repertório violinístico, com Matilde como solista, distinta. Passando ao “classicismo vienense”, as duas interpretaram o Duo em Si Bemol Maior de Joseph Haydn, influenciado por Mozart. Dois andamentos da Sonata para Dois Violinos de Sergei Prokofiev, recuperando o espírito do estilo clássico, apesar da linguagem modernista, e dois Duos do compositor húngaro Béla Bartók, inspirados na música popular, terminaram o programa previsto.
Por fim, houve lugar a uma surpresa extra: as artistas executaram uma peça de uma compositora radicada em Londres, contemporânea de ambas e amiga de Laura Rickard, com base na música tradicional do Uganda, intitulada “Canção da cegonha” - a cegonha é o símbolo do país - que é também um tributo à amizade e, parece-nos, o prenúncio de uma grande carreira das talentosas violinistas entre os seus pares.
Por fim, houve lugar a uma surpresa extra: as artistas executaram uma peça de uma compositora radicada em Londres, contemporânea de ambas e amiga de Laura Rickard, com base na música tradicional do Uganda, intitulada “Canção da cegonha” - a cegonha é o símbolo do país - que é também um tributo à amizade e, parece-nos, o prenúncio de uma grande carreira das talentosas violinistas entre os seus pares.
O percurso foi feliz e brilhantemente interpretado e a Sala do Capítulo revelou ter a atmosfera ideal para concertos de câmara. Assistir a este foi um deleite!
Alguns registos fotográficos, aqui.
Referências nos Media:
Diálogos musicais no Mosteiro de Arouca, no jornal Discurso Directo e no blogue Do meu mirante.
Alguns registos fotográficos, aqui.
Referências nos Media:
Diálogos musicais no Mosteiro de Arouca, no jornal Discurso Directo e no blogue Do meu mirante.