CONFERÊNCIA "A agricultura familiar e as suas potencialidades de desenvolvimento"
Conferência de Arouca, no dia 27 de abril de 2018, às 21h, com lugar no auditório da Loja de Turismo de Arouca, sendo oradores AGOSTINHO DE CARVALHO e JOSÉ RAMOS ROCHA. Abaixo apresentam-se os tópicos das suas intervenções e as respetivas notas biográficas. A moderar a sessão contamos com a engenheira Graça Almeida, da Cooperativa Agrícola de Arouca.
OFICINA "Recolha, limpeza e conservação das sementes tradicionais"No dia seguinte, às 10h, no Museu Municipal de Arouca (edifício do antigo Mercado), oficina prática dinamizada por JOSÉ MIGUEL FONSECA (carece de inscrição prévia para:
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AGOSTINHO DE CARVALHO
A agricultura de minifúndio e as suas potencialidades de desenvolvimento
A estrutura minifundiária não impede, como geralmente se pensa, a modernização da agricultura. Casos de sucesso, em diferentes países, com regimes políticos diferentes, dão-nos indicações das opções a fazer. As mais importantes são 5:
1ª - Apoio político;
2ª - Oferta de inovações técnicas e institucionais apropriadas às explorações (Centro Tecnológico);
3ª - Instituição de enquadramento (cooperativa, empresa), que dê apoio técnico aos agricultores, concentre a sua produção, a transforme e a venda;
4ª - Medidas de política económica de apoio à exploração (investimento, subsídios, entre outras);
5ª - Organização dos agricultores.
Serão apresentados os resultados de dois casos, o da Fruticultura no Norte de Itália e do Programa Vitis no Minho, no período de 2008/2009 a 2017/2018, 10 anos.
Nota Biográfica
Engenheiro agrónomo, doutorou-se em 1984 na Universidade Técnica de Lisboa. Foi investigador do Centro de Estudos de Economia Agrária da Fundação Calouste Gulbenkian, conselheiro técnico principal da FAO e professor da Universidade do Algarve e do Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz. Tem exercido atividade de consultoria nos domínios do desenvolvimento rural de regiões de agricultura familiar e da política alimentar. Atualmente é professor jubilado.
JOSÉ RAMOS ROCHA
A organização dos territórios agroflorestais e a questão fundiária
As políticas agrícolas implementadas em Portugal no pós-adesão têm privilegiado os modelos de maior dimensão económica, ignorando a pluralidade de sistemas agroflorestais e as condições necessárias para a sua mobilização para o desenvolvimento. O problema estrutural do designado minifúndio português, considerado de forma geral como um empecilho para o desenvolvimento de grande parte do território português, foi-se assim, por clara omissão de intervenção e vontade política, sendo progressivamente agravado. Estamos perante uma situação única no quadro europeu e inultrapassável? Claramente que não, como bem demonstram outros países europeus que, confrontados com o mesmo problema, têm empreendido, de forma sistemática e persistente medidas que visam não só a criação de instituições, de natureza técnica e territorial para a organização e desenvolvimento das suas agriculturas e territórios, como para assegurar o reordenamento fundiário mantendo e desenvolvendo a agricultura de base familiar.
Nota Biográfica
Engenheiro agrónomo, com o diploma Post Universitário em “Developpement Agroalimentaire et Planification Sectorielle et Interregional” do Institut Agronomique Mediterraneen de Montpellier (IAMM). Foi chefe de Divisão e Diretor de Serviços do Gabinete de Planeamento do Ministério da Agricultura; geriu vários dos dossiers da adesão á CEE e foi Vice-presidente do Instituto Regulador e Orientador dos Mercados Agrícolas, Assessor dos Secretários de Estado do Comércio Interno e da Alimentação, Administrador da Sortegel S.A., Presidente da Comissão Interministerial dos MercadosAbastecedores, Administrador e Presidente da SIMAB S.A e das suas participadas e Presidente da União Mundial dos Mercados Grossistas (WUWM). Atualmente é Presidente Honorário da WUWM e gestor de empresas.
OFICINA Recolha, limpeza e conservação das sementes tradicionais
Esta oficina desafia os participantes a ganhar autonomia em termos de alimentação, aprendendo a identificar, recolher e conservar as sementes locais, dominar o ciclo completo da planta, permitindo assim a sua manutenção em vez da sua substituição por variedades híbridas generalizadas, que não têm a mínima hipótese de dar retorno ano após ano.
JOSÉ MIGUEL FONSECA Nota Biográfica
Agricultor, pratica agricultura orgânica há trinta anos, na Quinta do Olival, Concelho de Figueiró-dos-Vinhos (Leiria). Dedica-se à reprodução e preservação de variedades hortícolas e fruteiras regionais. Cofundador da Associação "Colher para Semear", foi o seu presidente até 2018.
Criada formalmente em 2006, aquela Associação tem por objetivo principal a recolha, preservação e catalogação das variedades tradicionais ainda existentes, de maneira a inverter a situação atual de contínua perda de biodiversidade genética agrícola. Em novembro de 2012, a “Colher para Semear” organizou em Arouca, o “Encontro da semente” que deu origem à publicação “Levantamento do Património vegetal tradicional cultivado no Concelho de Arouca”.